domingo, 10 de outubro de 2010

Não sabes?


Tolos há que digam que

apenas de toda a razão

se mensura o bom saber.


Digo-vos que enganados estão.


Pobres infelizes,

sobre os quais caiu-lhes o toldo

duma pseudo-verdade,

donde só podem enxergar que,

do frio calculismo constante

e permanente de vossas ações

e da astúcia das palavras

que saem de vossas bocas,

é que se obtém a admiração.


Erroneamente,

penseis que deveras

sábio e feliz é

o homem cujo todo o tempo caminha

sobre os traços da implacável razão,

rígido e infalível.


Oras,

não sabeis que,

a verdadeira sapiência

se mede duma maleável razão

enomorada de toda a emoção

que brota do ser?


Não sabeis ainda que,

a falha,

quando não provém do caráter,

também coroa o mais alto saber

e não açoita nem crucifica os que sempre lutam

com honradez e afinco

pela correção?


E a ti, olha e vê, pois, então.


Não sê como tais tolos.


Não sabes que,

meu coração fala a língua de todos os povos

quando pronuncia o vosso nome,

tamanha é a vontade arrebatadora

de dizer ao mundo inteiro

o quanto te tenho amor?


E que,

mesmo possuindo eu,

todo o conhecimento da bússola,

de todos os mapas e terras,

dos poderosos reinos e grandiosos países,

das imponentes cidades e adoráveis vilarejos

erguidos sobre a face da Terra,

o único caminho do qual anseiam meus pés

é aquele cujo me leva

ao vosso coração?


Ora,

não sabes que,

toda a impecável gramática

e sintaxe que exponho

nos melhores escritos e ditos meus

são nada,

quando me pego a revelar-te

sentimentos mil

em poemas e canções

inspiradas na luz dos olhos teus?


E que, todas as noites,

sob o olhar atento da lua,

conjugo verbos com perfeição,

declamando frases de bem querer

em tua homenagem,

esperando que o vento

leve minhas palavras aos teus ouvidos,

enquanto suspiro

da janela do quarto meu?


Acredita, pois,

nesse saber tão profundo e legítimo,

o qual jamais se perde ou apaga.


Como podes duvidar

dessa razão que me forma,

que domina meu intelecto

e torna-me quem sou,

se é ela quem me aproxima de ti,

e te faz parte de mim?


Não sabes, amado meu,

que mesmo alçando os mais altos vôos

nos ares do entendimento,

estendo as asas minhas

a planar por correntes

que levem meu ser

a evoluir a cada dia,

não apenas em favor

e amor de mim mesma,

mas para atrair a vossa admiração?


E que tudo quanto faço,

logo penso

em como os olhos teus veriam tal feito,

se irias reprovar,

mesmo que reprovável não seja aos olhos meus

ou, se terias gosto

por certos atos e escolhas minhas,

e que pairando sobre mim

qualquer dúvida

a cerca da tua aprovação,

então censuro-me,

tamanho o desejo de agradar-te

tão somente?


Como podes não saber que,

não há balança que pese

o carinho que te dedico,

toda a paciência,

compreensão

e respeito para contigo,

e a vontade de manter-me

perfeita ao teu querer?


E que se,

vez ou outra,

cometo tolices e pequenas falhas,

decepcionando a quem

muito quero bem

junto a mim,

preocupe-me,

não somente em corrigi-las

e lançá-las ao mar do esquecimento,

mas antes

procuro lembrar-te de que

tais erros também contribuem

para o crescimento meu

e do sentimento nosso.


Entende,

duma vez por todas que,

toda a inteligência

da qual usufruo,

hoje de nada me valeria,

se ela não me tivesse feito

conhecer o amor.


Eis o verdadeiro saber.


E isso, a todos vos digo,

para que não ameis a razão

sem aplicá-la à emoção,

equivocando-vos a si mesmos,

como fazem os tolos

que jamais se arriscam

nas veredas do verdadeiro saber.


Pois, sejais corretos,

amai-vos muito

e sábios sereis.


E quando agireis erroneamente,

amai-vos ainda mais

e mais sabedoria demonstrareis.



* by Jackeline Campos *


Um comentário:

  1. Oie eu sempre leio o seu blog suahsushushas
    queria te convidar p me seguir vou lança um livro este Mês o nome e pétalas de sangue.........bjos
    http://livropetalasdesangue.blogspot.com/

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